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Litoral Ocidental é incluído no Programa Diques da Produção

O Governo do Estado lançou o programa ‘Diques da Produção’, que têm o objetivo de garantir a contenção de água doce e o combate da salinização dos campos naturais inundáveis e implantar grandes canais que permitirão armazenar água para desenvolver projetos nas áreas da piscicultura, agricultura, pecuária, e, ainda, fazer recargas de água subterrâneas e melhorias do clima.

O Programa Diques da Produção se difere do Programa Diques da Baixada, que serão executados com recursos federais do Ministério da Integração Nacional, sob a coordenação no Maranhão, da Superintendência Regional da CODEVASF. O programa ‘Diques da Produção’, será acompanhado diretamente por um Comitê  formado por representantes da Casa Civil, Secretarias de Estado da Agricultura Familiar (SAF); Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima); Desenvolvimento Social (Sedes); e Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), todas trabalhando de forma conjunta para a plena preservação e desenvolvimento das áreas.

Os secretários da Sedes, Neto Evangelista, e da SAF, Adelmo Soares, fizeram apresentação dos benefícios que os Diques da Produção terão para a população das duas regioes. Prefeitos, líderes políticos e produtores estiveram presentes no lançamento do programa. “A gente precisa resolver os problemas das pessoas nas suas potencialidades”, sublinhou Evangelista.

O secretário explicou que o programa trabalhará na construção de duas modalidades: barragens – que poderão ser usadas para irrigação e para impedir a entrada de água salgada nos igarapés, e, com isso, proteger os mananciais de água doce das regiões e outros ecossistemas; e canais – que além da função de armazenamento de água, poderá ser utilizado como hidrovia interligando as pequenas propriedades. “O projeto se justifica por vários fatores, entre eles a redução dos índices de insegurança alimentar e de pobreza e a abrangência social e econômica com geração de trabalho, emprego e renda”, reiterou.
Secretário Adelmo Soares apresenta o Programa Diques de Produção
Em sua apresentação, Adelmo Soares apontou as potencialidades econômicas da implantação dos Diques da Produção que beneficiarão pescadores, agricultores familiares, indígenas quilombolas e extrativistas. “Como temos várias outras ações como o ‘Mais Renda’, a comercialização dos produtos da agricultura familiar através do PAA e do PNAE, a gente amplia mais ainda a capacidade de renda deles e melhora a qualidade de vida, com o fortalecimento da pesca artesanal, aquicultura, pecuária, agricultura, extrativismo e agroindustrialização”, reforçou o secretário.
Prefeitos e prefeitas dos municípios litorâneos se fizeram presentes ao evento: Fernando Cuba de Cedral, Nilce Farias de Guimarães, Donaria Rodrigues de Serrano, Amaury Almeida de Mirinzal, Baldoino Nery de Bacuri.
O Programa foi concebido para beneficiar 35 municipios, em especial da Baixada, mas também do Litoral Ocidental Maranhense: Alcântara, Anajatuba, Apicum-Açu, Arari, Bacuri, Bacurituba, Bela Vista do Maranhão, Bequimão, Cajari, Cajapió, Cedral, Central do Maranhão, Conceição do Lago-Açu, Cururupu, Guimarães, Igarapé do Meio, Matinha, Mirinzal, Monção, Olinda Nova do Maranhão, Palmeirândia, Pedro do Rosário, Penalva, Peri Mirim, Pinheiro, Porto Rico do Maranhão, Presidente Sarney, Santa Helena, Santa Rita, São Bento, São João Batista, São Vicente Ferrer, Serrano do Maranhão, Viana e Vitória do Mearim.

Conhecida por ser uma região predominantemente costeira, com grande parte do território fazendo parte da Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses, o Litoral Ocidental possui algumas áreas de campos inundáveis. Essas áreas estão situadas sobretudo nas proximidades do Rio Turi, nos campos de Serrano e Madragoa (Bacuri) e dos Rios Uru e das Almas em Mirinzal. 

Segundo Jhonny França, Secretário Municipal de Pesca e Aquicultura de Serrano, muita gente de Serrano e Madragoa sobrevive desta água que acumula no campo. No entanto a água salgada está invadindo esse ambiente a cada dia que passa e matando os peixes da água doce com o sal. O vereador Dennis Ribeiro relata problema parecido em Mirinzal, no Porto do Moreira, na divisa com os municípios de Porto Rico e Cururupu, a água salgada já destruiu o baixo todo, ocasionando um cenário de tristeza com Juçareiras e buritizeiros mortos, em razão da agua do mar que está invadindo o baixo.

Lago do Discedero em Mirinzal
Para a professora Dra Flavia Mochel,que realiza estudos sobre manguezais e zona costeira há trinta anos na região, há perigos iminentes com o advento desse projeto. Segundo a pesquisadora:

“Existem maneiras sustentáveis de se resolver o problema. A questão é que só está colocada a solução de engenharia ambiental, do ponto de vista de resolver UM PROBLEMA humano. ESQUECERAM, ou não souberam, examinar a COMPLEXIDADE que envolve o IMPACTO da obra sobre os ecossistemas adjacentes, a curto, médio e longo prazos, e como isso vai afetar social, economicamente, geograficamente, ecologicamente, os municípios”.

“O que alimenta os manguezais e a produtividade pesqueira do nosso litoral é a contribuição da drenagem dos campos inundáveis, o ciclo das cheias. Se modificarem esse ciclo sem consultar quem conhece o assunto e a área, vai ser um problema sem precedentes” alerta a pesquisadora, que continua:

“Ninguém sabe o impacto que vai gerar na pesca, mas qualquer pescador sabe que tainha sai da água salgada e vai desovar na água doce, nas cabeceiras. O que vai acontecer com os ciclos naturais dos peixes? Mortandade? Extinção? Quem vai pagar as obras para corrigir? Para fazer canais de acesso?”

"Vamos ter uma grande baixa de produtividade no litoral. A entrada de agua salgada sempre aconteceu, a vida toda, é por isso que pescam tainha lá no Rio Turi, acontece numa época do ano. Acontece que agora está mais severo por conta das mudanças climáticas globais e a solução não é interromper a conectividade dos ecossistemas, porque o nível do mar não vai parar de subir. O sal entra por baixo, pelo lençol freático, o sal vai salinizar os poços de agua doce com dique ou sem dique"

"A recarga de agua doce dos campos da Madragoa e de outros na região, é enorme. Tem anos El Niño que chove menos e entra mais sal. Agora esse ano, La Niña, está chovendo. Temos é que fazer estudos da recarga. Fazer projetos de armazenamento de agua de chuva. Fazer projetos sustentáveis!!!! Usar os mangues pra filtrar o sal, cultivar ostras, mariscos em consórcios com áreas recuperadas pra agricultura familiar, mel nas árvores de mangue e outras".
Campos de Santa Rosa - Bacuri-MA

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